quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Desespero de uma mãe de primeira viagem

Maria Carolia chora incontrolavelmente por horas e eu já não sei mais o que faça, cheguei a ficar sentada por mais de duas horas seguidas com ela no peito, revezando cada peito e colocando-a para arrotar... já me perguntando: essa menina não tem fundo? não fica saciada? 
E era só tirar do peito e arrotar que o choro recomeçava... e todos ao meu redor me olhavam torto e eu não tinha nem coragem de colocar a cara pra fora do quarto, quiçá pra fora de casa, com uma criança que mais se esgoela do que dorme. juro! Maria Carolina quase não dorme, quando muito, a noite, mas acorda a cada duas horas.

E foi aí que resolvi procurar um gastropediatra, porque além de tudo, eu desconfiava que os tais gorfos não eram normais, tinha algo de estranho. 

Na sala de espera do consultório começou a minha aflição: Maria Carolina era a única bebê, todos os outros eram crianças maiores... E nós não seríamos os primeiros, somando-se ao fato de que o médico se atrasou, pra aumentar a minha angústia... Como não seria diferente, lá pelas tantas era hora do mamá, sem cerimônia peguei minha filha no colo, peito de fora e pronto, rezando para que fôssemos logo chamados. Mas que nada! Ficamos uma hora nessa mamada e foi só tirá-la do peito que... PUMBA, começou o berreiro... E não houve meio dela sossegar, passei pro pai que ficou as voltas com ela, até que a secretária do médico resolveu nos passar na frente, pra alívio meu e dos outros pacientes... Ufa!

No consultório o médico viu o desespero e foi logo dizendo: é fome! Pronto, voltei com ela pro peito e soltei toda a minha angústia, pois não era possível, ela acabara de mamar... Até que o médico veio, apalpou minha mama e disse que ela não estava secando direito, que ainda restava leite e me ensinou exercícios e a ordenha para que eu fizesse enquanto dava de mamar e nos intervaloss. E mesmo assim, vendo a minha aflição, ele me pediu que complementasse a noite, para que eu pudesse descansar e dormir melhor... ~não gostei dessa conversa de complementar, mas se é para o nosso bem, vamos tentar~! 

Quanto ao refluxo, ele está quase convencido que se trata de refluxo fisiológico, aquele que toda criança tem, não tendo motivo para desespero, apenas pediu que observássemos.

Saí da consulta mais aliviada, já que ele disse não se tratar de refluxo e que o choro era fome, o que eu não tinha engolido direito, mas sendo mãe de primeira viagem, tive que acatar.

À noite, depois da mamada, providenciamos o tal complemento na esperança de que pudéssemos dormir melhor, mas que nada, Maria Carolina acordou de hora em hora, aos prantos. Desisti do complemento, definitivamente isso não é fome e sim cólicas.

Cansei de ouvir, de minha própria mãe inclusive: teu leite é fraco, dá logo uma mamadeira pra essa menina, ela está com fome... E fui firme até o dia em que minha prima chegou da Dinamarca e, como ela já tinha criado uma filha e já estava no segundo (ambos na mamadeira, ela não teve paciência e leite suficiente), aceitei dar uma mamada de complemento quando ela viu minha filha aos prantos e disse: ela está com fome, dá um complemento e observa... 

Meu coração dizia que não era fome, mas eu dei... Ela continuou a chorar mas sossegou até que dormiu... É nesse meio termo eu pude testar a bomba elétrica da medeia que essa prima trouxe pra mim, uma beleza de bomba. 
Já que consegui tirar meu próprio leite, quando acabava do peito, complementa mais um pouco, mas mesmo assim os choros continuavam e aquilo me afligia do mesmo jeito... Até que desisti... 

Desisti de lutar contra o choro e passei a ouví-lo, com ela agarrada a mim, às vezes ~quase sempre~ com ela no meu peito até que sossegasse...

E foi aí que resolvi ser mais flexível e oferecer a chupeta, para que ela não ficasse tão estressada e pudesse dormir durante o dia, já que tirando do peito ela precisaria arrotar e aí o choro muitas vezes recomeçava... 

Até que os dias se passaram e ela foi chorando menos, bem menos... E eu estava certa, não era fome, são as temíveis cólicas que a maioria das crianças enfrenta, umas mais, outras menos... E eu me senti aliviada, porque eu estava certa, meu coração estava em paz por agir certo. 

Aí as noites melhores vieram e Maria Carolina passou a capotar por volta das 19h e só acordar a 24h e depois as 4h e de manhã, para o alívio principalente do pai que já nem vê mais os horários de mamada...

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